sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

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Fluxo no Carnaval: eletrônica aos foliões

Na contramão da sufocante aglomeração dos blocos de rua, mas sem perder a fantasia, a Fluxo de Carnaval convida os foliões para três dias de agito nas areias do Leblon - entre as ruas Gen. Venâncio Flores e Gen. Urquiza, próximo ao hotel Marina. De sábado (01) até segunda-feira (03/03), sempre a partir das 15h, o bloco da eletrônica pede passagem para receber uma verdadeira escola de DJs e, o melhor, tudo de graça. Preparem os adereços e acompanhem a programação completa da bagunça.


Sábado (01/02)::
Gustavo Magoo
Autran (Boogie Woogie)
Rafa Canholato (Funk The Chick)
Felipe Fella (Base)
Skullb (Fluxo)

Domingo (02/03)::
Peba Tropical (SP)
Pinaud (Hijins/Rádio Esfera)
Corysco (Hijins)
Marcello MB.Groove (Vinil é Arte)
David Tabalipa (Royal Soul)
Machintal
Skullb (Fluxo)

Segunda (03/03)::
Alex S. (SP Groove)
Godi Osegueda
Rogério Pessoa
Skullb (Fluxo)
Mais informações sobre a festa: Fluxo

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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

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‘5Pointz’ Cascais: num beco sem roteiro

Situada no distrito lisboeta de Cascais, mas distante de qualquer guia turístico e summer spots “xpto” - gíria portuguesa usada para descrever algo mais que elegante -, uma antiga fábrica de barcos e de lonas aparece como o nosso principal achado da viagem, tendo em vista que nem mesmo os “betinhos” locais sabiam descrever o que havia naquele local. No entanto, uma grade entreaberta e alguns grafites em seu interior já foram suficientes para decidirmos invadir e se surpreender com que aquele sombrio espaço abandonado poderia nos proporcionar. Skate e câmera na mão, além de alguns stickers e canetões na mochila, e lá fomos nós (num eu sozinho) explorar o imenso galpão – grande demais para não haver nenhum morador ou segurança. Roupas penduradas na janela do segundo andar, locais trancados, seringas de viciados em heroína, pedaços de pão velho, merda e lixo, muito lixo, também eram sinais de que possivelmente encontraríamos algum perdido por lá, impressão que nos acompanhou até o momento de deixar o local, situado bem em frente a um posto da polícia. O fato é que, depois que entramos, não conseguíamos mais sair, não antes de tentar registrar um a um os milhares de grafites que estavam espalhados por todas as paredes existentes. 



Embasbacado com a variedade de traços, cores e estilos, mas sempre com receio do que poderia sair por trás das paredes – como uma inimaginável ninhada de corvos, por exemplo -, demos início ao passeio pela galeria de arte urbana mais genuína e rua que poderíamos ter visitado, mesmo que as obras não estivessem à venda. Na verdade, dentro daquela espécie de “5Pointz” português não havia espaço para telas, enquanto os grafites estavam todos à margem e marginalizados, numa espécie de habitat natural, onde os fracos e os rock stars não tinham vez – a cidade cartão postal “Morangos com Açucar” adota uma espécie de política antigrafite, na qual a atividade é considerada criminosa e dá cadeia. Depois de mais de uma hora rodando o espaço com olhos de investigador, enfim, a situação parecia estar sob controle, mas apenas parecia, até escutar passos firmes vindo em nossa direção. Estrategicamente bem posicionados, observamos o que parecia ser um morador dos prédios vizinhos cortando o galpão como atalho para chegar à sua casa. Passado o susto, foi só finalizar as fotos, colar um stickers e deixar o local com ares de caça-grafite e sensação de dever cumprido. Moral da história: nem todo mundo tem vocação para ser “Hunter” de roteiro pronto. Às vezes, num suposto role perdido, você pode encontrar muitas coisas novas - até mesmo se encontrar -, sem falar que o “mastigadinho” nunca guardará o mesmo sabor. Vale a entrega, confiem no faro!!!




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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

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Boiler Room: uma festa virtual a 021


Às vésperas da sexta edição da Rio Music Conference, a ser realizada entre os dias 19/02 e 04/03, a cidade maravilhosa recebe outro evento destinado aos amantes do dance floor e, neste caso, trata-se de uma curiosa primeira vez: a Boiler Room, a prestigiada série inglesa que aparece como o maior canal de livestream de música eletrônica do mundo e que pega uma carona na feira para transmitir sua esperada edição no Rio de Janeiro. Após rodar as principais capitais mundiais e ter desembarcado em terras brasileiras no início do mês, quando realizou uma edição em SP com Gui Boratto, Zegon, Ney Faustini e Nomumbah, a “festa virtual” chega ao Rio com um time de altíssimo nível, destacando Wladmir Gasper, Rodrigo S, Nepal, Mauricio Lopes, Leo Janeiro e o casal Flow&Zeo. Embora a experiência de acompanhar uma festa pelo computador não seja muito agradável, a Boiler Room, que deu início a sua tour ainda em 2010 e que chega ao Brasil sob a tutela da produtora Monique Dardenne, atrai um número cada vez maior de pessoas, todas interessadas em saber que tipo de som anda rolando mundo afora. Desta forma, o projeto passa a ser compreensível e se afasta da imagem de festa por si só, tendo em vista que a ideia é mesmo acompanhar os renomados dj´s em ação e ao vivo. Para quem se animou em acompanhar a edição local do projeto, a transmissão começa cedo, das 17h às 22h. Mesmo sem sair de casa, vale dar uma passada. Bom "agito"!

Se liga na contagem regressiva: Transmissão aqui.
Mais infos sobre a RMC: 
 www.riomusicconference.com.br

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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

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Alma, calma! As mulheres de Bobi

Intitulada “Alma, calma!”, a exposição individual do artista carioca Carlos Bobi abre suas portas ao público neste sábado, a partir das 16h, no Sesc São João de Meriti. Vai com calma que é de alma.

Dono de um talento inquestionável e um estilo marcado pela combinação entre letras e retratos, o artista carioca Carlos Bobi reúne algumas de suas obras mais recentes em uma esperada exposição individual, “Alma, calma!”, título que já seria capaz de dar uma resposta a qualquer espécie de cobrança pela espera. Algo do tipo: vai com calma que é de alma. Integrante do Espaço Rabisco; uma espécie de escritório de arte com escola de grafite; da Galeria Nove Cinco, um coletivo que reúne artistas de diversas vertentes, e um dos idealizadores do Meting of Favela (MOF), festival que ocorre há oito anos em Duque de Caxias, Bobi não começou agora e, por isso, tem bagagem de sobra para buscar um trabalho mais conceitual. Nesta mostra, por exemplo, o foco está na essência da figura feminina, mulheres que, uma vez libertadas de seu inconsciente, ganham as telas repletas de vida e sentimentos – de alma mesmo, como sugere o título. A exposição, que terá sua inauguração realizada neste sábado (09/02), a partir das 16h, seguirá aberta ao público até o dia 28/02 no Sesc São João de Meriti. Sem medo de chegar, vale conferir.


Sesc São João de Meriti
Av. Automóvel Clube, 66. (21) 2755 7070 
Entrada franca. Até 01/03.


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#100

Revolue: um presente em Wynwood 

Celebrando dez anos de caminhada, o artista paulistano fala sobre sua visita à feira Miami Art Basel e sua estadia na disney do graffiti. Quer saber o que rolou lá, se liga aqui. E let´s Revolue!


Às vésperas de completar uma década de Revolue, projeto iniciado ainda em 2004 com a intenção “de rabiscar, pintar, sujar, escorrer e criar todo tipo de arte - seja ela qual e onde for” -, o paulistano Marcus Vinicius Coelho, mais conhecido pelo nome da marca que defende, decidiu investir e se presentear com a realização de um antigo sonho: visitar a renomada feira Art Basel de Miami e aproveitar a efervescência cosmopolita de Wynwood Art District, sub-distrito onde se encontram as galerias e os famosos murais que dão forma a sua não menos conceituada mostra paralela. No entanto, para não ficar apenas nos devaneios da badalação local, algo do tipo “Um Maluco em South Beach”, o artista fez do esperado passeio uma verdadeira missão, na qual deixava a paulicéia desvairada com o claro objetivo de absorver novas influências e levar suas obras para outro tipo de público (mercado), principalmente galeristas em busca de novos talento$ - os novos merchands que, se não transformam traços de jet em ouro, fazem dos grafiteiros os rock-stars do momento. Hotel reservado, ingressos comprados (os quatro dias da feira por US$ 90), pastinhas em baixo do braço e lá foi ele, com mais dois amigos aventureiros, correr atrás de novos contatos e vivências, mas ainda sem saber que, do dia 28 de novembro, no pré-Basel, até 14 de dezembro, no pós-festa de Wynwood, a sua viagem sairia “200 vezes melhor do que o esperado”, como ele mesmo descreveu em entrevista ao Ctrl+Alt+Rio, na qual fala um pouco sobre seu trabalho e, é claro, suas andanças por um dos maiores encontros de arte urbana do mundo. Quer saber o que ocorreu por lá, basta ler aqui… Diz aí, Revolue.




Revolue ao lado de Mr. Brainwash

“É algo inexplicável. A cidade inteira parece absorver o clima da feira, tudo respira arte e você pode encontrar obras espalhadas por todos os cantos, desde de bares, em mini-galerias, até no hall do próprio hotel. O chocante é você acompanhar tudo aquilo de perto, os caras que sempre admirou, os trampos em seus detalhes, e sem ninguém te cobrar nada para falar ou tirar fotos. Me surpreendeu e muito essa questão”, resumiu Marcus ao explicar que, através de um simples aplicativo gratuito, podia acompanhar toda programação paralela e acessar uma espécie de mapa com as obras espalhadas nos arredores da área antes ocupada apenas por antigos armazéns e terrenos abandonados. A partir daí, assim como todos os presentes, era desbravar, descobrir e aproveitar. “No primeiro rolê, eu já dei de cara com o (também paulistano Eduardo) Kobra, artista que admiro muito. Aí, batemos um papo e tal. O cara foi super simpático e atencioso. Aliás, no geral, todos se mostravam dispostos e bem receptivos”, apontou Revolue, que, na sequência, apenas alguns metros à frente, já diz ter se deparado com outro “monstro” em ação, desta vez o austríaco Nychos (The Weird), “aquele que costuma apresentar seres e animais desmembrados em suas telas e murais”. “Sempre tive contato com suas obras, mas você ver de perto um artista reconhecido internacionalmente é outra coisa... Lembro-me de ter chegado a pensar: ‘isso é real, existe mesmo’. É fabuloso ver a dimensão dos trabalhos e seus detalhes ou, por exemplo, encontrar o Mr. Brainwash em um local inesperado”, completou o artista paulistano que já esteve na Munique Fair, na Alemanha, e também já residiu em Londres.

Trabalho realizado pelo artista paulistano Eduardo Kobra.

Obra de Nychos "The Weird"

Se as ruas de Wynwood traziam o calor da presença impactante dos artistas, em um ambiente amistoso de informalidade, de contato direto com publico e obras, a Miami Art Baesel, por outro lado, se mostrava mais fria, na temperatura da champanhe que basicamente era servida aos compradores de arte no Centro de Convenções de Miami. “A feira era mais profissional, mais chic. Sempre tinha um cara para lhe servir e dar explicações sobre as obras, enquanto o publico frequentador era visivelmente mais velho e com um poder aquisitivo maior. Lá dentro era tudo certinho e, inclusive, com espaços reservados aos colecionadores”, descreveu Revolue, que, depois de ter adquirido as entradas para os quatros dias de feira, ganhou o direito de marcar presença na badalada pré-estreia da próxima edição – caso pague por isso, claro. “A Art Baesel tem mesmo cara de museu, mas, sem dúvida, vale a pena. Para exemplificar, lembro-me de ter encontrado um Baskiat de 85 e, logo ao lado, um óleo sobre tela de Picasso datado em 68”, contou o artista sem esconder a empolgação com sua viagem. Embora exista uma clara distância entre tais universos, os eventos se mostram mais complementares do que adversos, tendo em vista que arte é arte independente do lugar, seja no centro de convenções, nas paredes dos comércios locais ou em Wynwood Walls, a mostra fixa (e aberta) com os principais nomes da arte urbana internacional. Aliás, nesta quinta edição da mostra paralela, o famoso espaço foi tomado pelas mulheres – um reflexo da atual sociedade, como definiu o curador Jeffrey Deitch, e do projeto Women on the Wall, que contou com a participação das artistas AikoMiss VanFafiMaya Hayuk, Faith47, Lakwena, Kashink, Sheryo, OlekTooflyClaw MoneyJessie & Katey, Myla, Shamsia Hassani e da lendária Lady Pink. 

Miss Van em ação. Imagem: Martha Cooper.

Maya Hayuk por Martha Cooper.
Além da quantidade e diversidade de obras vista nas ruas de Wynwood, onde alguns artistas cariocas marcaram presença em 2012 em nome do Instituto Rua (ArtRua), outro aspecto que chamou atenção do paulistano na disneylândia do graffiti foi a receptividade, algo que, no minimo, já o deixava mais esperançoso em relação a sua citada missão. “Saí daqui com uns três contatos adiantados, mas cheguei a falar com mais de 30 (representantes e galeristas) por lá, incluindo alguns brasileiros (duas galerias de São Paulo), que, por sinal, eram os que se mostraram menos abertos. Alguns faziam questão de te dar um retorno e outros demonstravam mais interesse, mas, no geral, todos eram bem atenciosos e faziam questão de ver meus trabalhos ou saber do meu conceito. Acredito que consegui fazer boas conexões, como uma com uma galeria de Seul (Coréia do Sul)”, detalhou o paulistano, que, com dez anos de Revolue na bagagem, reconhece as difulculdades em (sobre)viver da própria arte no cenário nacional – “ainda muito fechado”, segundo ele. “Sei do meu potencial, acredito no meu trabalho e só fui lá fora buscar esse ‘business’ porque não encontrei nada por aqui, onde a cena ainda é muito restrita, com muita panela. Lá o tratamento é muito diferente. Enfim, a gente tem muito o que crescer”, apontou Revolue ao ressaltar que, enquanto as galerias aqui costumam representar entre seis e dez artistas, lá fora elas chegam a ter até 30 artistas. Como uma própria estrutura de comercialização de suas obras e sem nenhum tipo de intermédio, Revolue o artista segue na luta possui nenhum lugar cativo na cena nacional - “ainda muito restrita”, segundo ele. Motivado com os resultados de sua viagem, na qual afirma ter “crescido no sentido cultural da palavra”, o artista inicia 2014 repleto de ideias e projetos a serem lançados e relançados, como uma série de casinhas de passáro e um trabalho inteiramente dedicado à caligrafia (Sketch). Saiba mais sobre o trabalho do artista no site www.revolue.com e, como ele mesmo costuma dizer, let´s Revolue! 

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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

#99

Mz: muito além dos tentáculos

Em entrevista ao Ctrl+Alt+RIO, o tijucano João Mazza fala sobre sua caminhada e os propósitos por trás dos grafites que vêm espalhando por todos os cantos da cidade. De olho neles!!!

Alguns observam e não se dão conta, outros reconhecem e tentam achar significados e muitos, que até então nem haviam reparado, certamente passarão a identificar e, principalmente, compreender. O fato é que tentáculos se multiplicam rapidamente pelos muros do Rio e, estando intrigada ou não, grande parte das pessoas desconhece o propósito dessa ação. No entanto, é melhor que elas se acostumem a lidar com seus monstros cotidianos, já que é essa a mensagem dos curiosos grafites de João Mazza - o Mz. Embora tenha começado a grafitar ainda aos 15, há oito anos, quando ainda assinava Emizê, Emze e Emz pelas ruas da Tijuca, o jovem carioca começou a se destacar recentemente – ao buscar uma relação mais direta com a cidade e novos desafios, sendo menos específico. “Eu comecei a grafitar sozinho com 14 para 15 anos e, desde então, com 23 agora, tive fases onde pintei mais e outras em que estive quase parado. Mas, chegou um momento em que as letras não me satisfaziam mais. Faltava mais propósito e mais diálogo com a cena, algo que fizesse as pessoas pararem para questionar o porquê de aquilo estar ali, do que se trata, e, ao mesmo tempo, que se misturasse com o cenário de uma maneira quase natural (...). Foi quando comecei a pintar os tentáculos do meu monstro”, explicou Mz em entrevista ao Ctrl+Alt+RIO.


Para ele, que diz poder falar por horas sobre os possíveis significados de seus grafites, incluindo as novas interpretações que tem ouvido de retorno, os tentáculos estão relacionados ao fato de fazer as pessoas se acostumarem a lidar com os "monstros" de suas vidas e, por isso, passou a espalhar as extremidades de seu próprio pela cidade. “É para que todos possam se acostumar com a presença e saibam lidar com os monstros de suas próprias rotinas. Ele surge em todos os cantos da cidade, de áreas abandonadas e degradadas até lugares mais ‘nobres’ ou com mais atenção, pois existem monstros na vida de todos, não há distinção de classe, gênero ou raça. É como se a cidade estivesse por cima do monstro e ele retomando seu espaço”, diz ele sobre sua marca registrada, mas não única. Após o primeiro ter saído do chão, em outubro do ano passado, Mz encontrou novas possibilidades de explorar seu conceito e, inclusive, suporte para novas ideias – como a possível aparição do tal mostro, por exemplo. “Estou trabalhando em algumas imagens e esculturas para peças futuras, mas os tentáculos nunca vão deixar de aparecer pelas ruas. A questão do monstro aparecer ou não ainda está em aberto, mas posso dizer que (esse conceito) não se resume apenas aos tentáculos”, completou.


Geralmente pintado em preto e branco, os tentáculos de Mz seguem um padrão disciplinado e fácil de ser reconhecido, como se suas articulações fossem uma espécie de impressão digital. Além do estilo inconfundível, a velocidade com a qual ele se multiplica também impressiona. Embora se concentre mais pelas ruas da Tijuca e arredores, os tentáculos estão por todos os cantos. É fato que, mesmo sem grande esforço, topará com algum deles uma hora ou outra, independente de onde andar ou estiver. Questionado sobre essa disposição, digna de pichador "cinco estrelas", o ímpeto da juventude falou mais alto, mas a responsabilidade de quem sabe aonde quer chegar também pôde ser ouvida: “A motivação de ir às ruas você vai adquirindo de maneira muito rápida; basta ir uma vez. A partir do momento que eu tomei a iniciativa de ir lá na rua, sem saber qual era o material mais adequado, onde poderia pintar ou não, sozinho e sem conhecer ninguém do meio para tentar fazer meu primeiro grafite (ou perto disso), a vontade e a motivação despertaram! A cada dia que se passa você vai descobrindo mais e mais fatores que envolvem toda a comunidade do grafite e como a sociedade encara isso tudo. E, ao meu ver, não tem como não se jogar de cabeça nisso tudo e viver o que essa comunidade de arte de rua pode te trazer”.


Neste contexto, tendo em vista que João já possui grafites dedicados ao filho Valentino, os tentáculos - na verdade - são apenas as extremidades de sua correria; ele também tem que bater de frente com seus monstros, buscar seus objetivos e cuidar de sua casa. Ninguém mais está pintando na rua de bobeira não e, com ele, não é diferente. “Eu enfrento meu monstro trabalhando com o que gosto, com o que me da prazer. Faço trabalhos comerciais de grafite, trabalho como designer em uma galeria de arte contemporânea e estou trabalhando em peças minhas para serem disponibilizadas para venda (assim espero)”, conta o artista ou grafiteiro? “Prefiro ser chamado por João ou por Mz. Essa questão de grafiteiro ou artista, na real, não me importa. O que me importa é estar produzindo arte em qualquer que seja a linguagem. Atualmente estou trabalhando na galeria de arte, pois quero viver só da minha arte e ainda tenho muito que aprender. Estou em um ambiente com ótimas pessoas e conhecendo coisas que nenhum curso jamais poderia me ensinar”, completou João. Os tentáculos estão nas paredes e o diálogo vem sendo criado, mas o mistério está longe de ser esclarecido, mesmo com tudo explicado. É andar na rua e se manter ligado, pois muita coisa ainda se desdobrará deste conceito de João. E você, já viu o seu monstro hoje?



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Passo Torto volta ao Rio com 2 shows

Trazendo o repertório do segundo álbum, o elogiado “Passo Elétrico”, a banda invade a Audio Rebel nesta quinta e sexta-feira. Torto ou elétrico, passa lá para conferir... É coisa fina!

Projeto paralelo formado entre os comparsas Kiko Dinucci, Rodrigo Campos, Romulo Fróes e Marcelo Cabral, nomes que também caminham juntos por outras bandas, o Passo Torto demonstrou estar na direção certa – a mesma seguida pela geração como um todo - com o lançamento de seu segundo álbum, presente na lista dos melhores do ano de qualquer bom entendedor. Em contraste com a sonoridade mais violão do disco de estreia, o quarteto optou por se reinventar e não se prender, ou seja, recorreu aos ruídos e distorções da guitarra para dar som a uma densa crônica de Sampa – algo mais Vanzolini do que Rita Lee. Assim foi dado o “Passo Elétrico”, que, apesar da genuína correria paulistana, chegará à cidade maravilhosa com duas datas: quinta (19) e sexta-feira (20/12), na Audio Rebel, em Botafogo.   


Kiko e Marcelo, que produziu o último álbum do Criolo com Ganjaman, participam do Metá Metá; Rodrigo, um dos melhores cronistas de Sampa, e Romulo possuem carreira solo, são parceiros um do outro e de composição, e todos também tocam juntos com Thiago Pethit, que acabou de lançar um disco em homenagem ao conto de João Antônio, “Malagueta, Perus e Bacanaço”. Por conta dessa movimentação e bagagem de seus integrantes, o Passo Torto já nasceu destinado a percorrer um caminho propositalmente diferente em relação aos demais projetos – com uma linha de composição mais peculiar e sem auxilio de bateria, por exemplo. Trata-se de mais um daqueles projetos que, ao invés passar despercebido pelo grande público, deveria ser premiado com algo de muito importante e especial, tipo sua presença no show. É preciso (re)conhecer, principalmente os amantes da boa música... Torto ou elétrico, passa lá para conferir. É coisa fina!

Ouça o álbum completo:



Passo Torto "Passo Elétrico"
Audio Rebel (Quintavant):
Rua Visconde Silva, 55. Botafogo.
R$ 20. A partir das 20h.

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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

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Free Beats: um sound system no Leme

Após algumas comentadas edições na terra da garoa, a festa chega ao Rio seguindo a mesma receita: som democrático e libertador. Neste sábado (14), de graça, no início da praia do Leme.

Criado nos guetos Kingston ainda nos anos 50, época em que o mítico Hedley Jones construia suas caixas de som em guarda-roupas - as chamadas "House of Joy" (Casa da Alegria) -, o sound system jamaicano foi responsável por uma das maiores revoluções no universo musical, já que, além de dar suporte para diversas criações rítmicas, do ska à música eletrônica, também serviu de influência para o surgimento do Dj (selecta), do Mc e, inclusive, do baile funk carioca (do P.U). Seguindo o fluxo imigratório da ilha caribenha ao Reino Unido, passando pelas ruas de Nova York, o sistema que ecoava em Trenchtown ganhou o mundo fiel a sua essência: um som democrático e libertador, principais pontos defendidos pela Free Beats, festa que, após algumas comentadas edições na capital paulista, chega ao Rio para pegar um ‘bronze’ e fazer a alegria dos cariocas. O agito, que contará com Nepal, Pachu, Mission Sabotage, Wobble Dj´s, Tomash e Easy Tuff (da Fayah) nas pick-ups, ocorre neste sábado no último quiosque da praia do Leme. É só chegar, mas preparado.

Edição realizada no Beco do Grafitti. Foto: Divulgação.

Regida pelos residentes Mauro Farina, diretor artístico do antigo Paradise After Hours, e Caio Fazolin, artista multimídia que também integra o projeto Mission Sabotage, A Free Beats (também idealizada pela produtora Rizza Bomfim, do mesmo Paradise) nasceu com a proposta de explorar diversas sonoridades e (re)ocupar espaços públicos, neste caso, para reativar alguns esquecidos pólos culturais da paulicéia. Agora, imagina você curtir uma festa de graça em pleno Beco do Grafitti ou no Minhocão - nomes que podem soar bem estranhos aos cariocas, mas que servem de referência para qualquer bom paulistano -, e ouvir desde clássicos do samba rock até novidades do dubstep e bass music, além de detroit techno e outras vertentes eletrônicas. Pois bem, essa é a receita (se marcar, dá até na Ana Maria). Só que no caso dessa edição praiera, a primeira fora da “babilônia”, a areia entra no lugar do concreto e o Pão de Açúcar tapa a visão do imenso mar de prédio. Chato não? Não. Chato é não aproveitar as maravilhas da cidade e, por marcar bobeira, ficar de fora dessa. Trata-se de um final de tarde para animar qualquer noite. Free Beats, Rio!   

Confira o teaser da festa: http://vimeo.com/71577934 

Free Beats (RIO)
Sábado (14/12). A partir das 14h.
Quiosque Pizza in Cone, Posto 1. Leme

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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

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Black Alien: um álbum no sonho coletivo

Após ganhar uma segunda chance no Catarse, o Mr. Niterói volta a recorrer aos fãs para financiar seu esperado volume 2, um “novo clássico” que já passsou da hora de sair do papel. Babilon by us!!!

Às vésperas de completar uma década do lançamento de “Babylon by Gus – vol 1: O Ano do Macaco”, o primeiro e notável disco solo do rapper Gustavo Black Alien, a possível realização do esperado volume 2, prometido desde a chegada do primeiro, entusiasmou todos os fãs do rap nacional. No entanto, a campanha do Mr. Niterói (de São Gonçalo) no site de arrecadação coletiva Catarse não conseguiu atingir os R$ 80 mil previstos para a realização do tal sonho, chamado “Babylon by Gus – vol 2: No Princípio Era o Verbo”. Devido à relevância do projeto, tanto sentimental quanto sonora, o ex-Planet Hemp Black Alien ganhou uma nova chance, e a campanha voltou ao site de “vaquinha virtual” nessa semana. Agora, com uma considerável redução de custo, não temos mais desculpas, temos que realizar essa missão e, se possível, antes do dia 30 de dezembro, quando termina o prazo.


“Conseguimos reduzir o orçamento final porque surgiram diversos fãs interessados em nos ajudar durante esse tempo de campanha - com estúdio de gravação, por exemplo. Desta forma, conseguimos reduzir o orçamento para R$ 40 mil", explicou Leo Motta, produtor do artista, que, em outros tempos, chegou a receber o rótulo de um dos melhores rappers do país. Atualmente, longe dos focos, da depressão e das desandadas, Black Alien consegue refletir sobre a realização do seu segundo álbum de estúdio, que, por sinal, também contará com produção de Alexandre Basa – o mesmo do primeiro. “A gente está criando, com a humildade de olhar para trás, a curiosidade de olhar para frente e a coragem de se olhar no espelho para ver que artistas somos hoje" diz ele na página da campanha, na qual também demonstra estar com a rima mais que afiada. Afinal de contas, trata-se do “Mr. Niterói – A Lírica Bereta”, como assegura o título do documentário de Ton Gadioli sobre a vida do artista. O curioso, neste caso, é que o filme começou a ser rodado em 2007, época em que Black Alien se desfez dos dreads.


Antes dessa efervescência toda, em novembro do ano passado, alguns dias depois do anuncio da turnê do Planet Hemp, o rapper ressurgiu depois de anos no escuro com uma faixa inédita, intitulada "Para quem a carapuça caiba", uma letra que, mesmo sem ser explicita, veio carregada de críticas em torno de sua relação com o antigo grupo. Mas, na ocasião, esse suposto primeiro single do projeto, que conta com coprodução assinada por Papatinho, o beatmaker do Cone Crew Diretoria, não chegou a criar inimizades e nem a garantir "sua segunda vinda" - era como se fosse um grito de socorro, o mesmo que agora será atendido -, tanto que até o B-Negão entrou na briga: "Chega junto na campanha do novo disco do meu irmão Gustavinho de Nikity, que, com a produção no estilo peso-pesado da firma de Alexandre Basa, a chance de termos mais um clássico pelos matemáticos intergalácticos é de mais ou menos 220%!". É fazer parte desse sonho coletivo!!! Confira o vídeo da campanha na página do Catarse.

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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

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Dobradinhas: novas caras, um só palco

Nesta terça-feira (10/12), na quarta semana de sua primeira temporada, a série musical apresentará Lucas Vasconcellos e Brunno Monteiro no terraço da Forneria Santa Filomena. Viva a Zona Norte!

Inserida na linha de frente do chamado cenário independente, entre aqueles que lutam por novos espaços e formatos no exercício da resistência, a série musical Dobradinhas e Outros Tais consegue ilustrar com propriedade esse momento de levante do “lado b” carioca – primeiro por incluir a “distante” Zona Norte na brincadeira e, depois, por estimular o diálogo, a troca de experiência e a união entre os novos artistas. Realizada às terças-feiras no terraço da Forneria Santa Filomena, na Praça da Bandeira, a noite das Dobradinhas foi criada com a intenção de apresentar dois nomes promissores da “geração 2000” sobre o mesmo palco, embora também traga a preocupação de agregar outras linguagens para facilitar a aproximação com o público e não isolar a música. Nesta terça (10/12), por exemplo, o show ficará por conta de Brunno Monteiro e Lucas Vasconcellos, enquanto os “Outros Tais” virão da participação do DJ Bernardo Pauleira, da exposição de Vitor Jorge (como cenário), da projeção de Lucas Canavarro e de um varal com os “produtinhos” da loja Marceli Mazur.

 

Diante da necessidade de incluir e legitimar essa geração de músicos formada fora dos moldes da indústria fonográfica, de solucionar a indigesta equação entre a falta de espaço e a alta produtividade da cena, as séries musicais têm assumido um importante papel, tanto essa das Dobradinhas, idealizada por Julianna Sá, como a da Temporada Gancho e a da Quintavant, outros dois ótimos exemplos de busca por renovações – isso sem mencionar a programação de algumas casas que também se mostram abertas aos independentes, caso da Comuna e da Audio Rebel, entre outras não menos "alternativas". Após receber César Lacerda, Letícia Novaes, Mahmundi, Qinho, Castello Branco e Rafael Rocha, a Dobradinhas e Outros Tais encerrará sua primeira temporada na próxima semana (17/12) com Arthur Nogueira e Ava Rocha, filha do cineasta Glauber Rocha. Mas, antes de querer adiantar o que virá pela frente, vale ressaltar um pouco mais a essência desse quarto e imperdível encontro.

No desfoco, César Lacerda e Letícia Novaes. foto: I hate flash

Abaixo, como uma breve introdução - principalmente para aqueles que ainda não conhecem tais artistas -, confira um clipe de Brunno Monteiro, da faixa “Nunca Sofri Por Amor”, que é assinada por Cazuza e faz parte da coletânea “Agenor”, e o primeiro trabalho solo de Lucas Vasconcellos (ex-Binário e Letuce), intitulado “Falo de Coração”. O cantor realizou o show de lançamento desse novo disco na última quinta-feira, no Studio RJ, e certamente levará muito dele para o intimista terraço da forneria. Viva(m) a Zona Norte e boa dobrada!!!
 


Ouça o primeiro disco solo de Lucas Vasconcellos, "Falo de Coração"

SERVIÇO DOBRADINHAS E OUTROS TAIS
R: Santa Filomena, 10. Praça da Bandeira.
A partir das 19h. Show às 21h.
Entrada: 10 "dinheiros" 
Mais informações sobre a série aqui.


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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

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Multiplicidade: uma ocupação no EAV

Em seu quinto e último recorte do ano, o festival idealizado por Batman Zavareze ocupa o Parque Lage por três dias com uma série de atrações e, o melhor, tudo de graça. Confira a programação!

Prestes a completar uma década de vanguarda e em um ano de muitas realizações, o Festival Multiplicidade chega ao quinto - e último - recorte de 2013 com ares de quem está apenas começando. A questão, neste caso, é saber o que virá pela frente, já que, ao fazer do experimentalismo sua zona de conforto, novidades não faltam ao festival idealizado pelo desbravador Batman Zavareze. Após surpreender o público com uma diferenciada concepção de “Selva”, espetáculo mais que audiovisual apresentado na última semana pelo duo ítalo-belga Lumisokea, a tradicional caixa preta do teatro cede espaço para três dias de ocupação no Parque Lage, seja nas galerias, nos corredores, na piscina ou em sua floresta. Entre esta sexta-feira (06) e domingo (08/12), mais de dez atrações nacionais e internacionais passarão ou estarão por lá com instalações, performances, painéis, mostras, workshops e dj sets, entre outras possibilidades. O melhor: tudo de graça; é só chegar ciente de que um universo ainda a ser descoberto te espera.  Abaixo, confira a programação completa e não perca tempo com as inscrições. Bom acampamento!

 
"Onion Skin", a nova criação do selo visual AntiVJ (FR)

DIA 6 - SEXTA-FEIRA

[10:00 - 17:00h] WORKSHOP_CIRCUIT BENDING

 Com Barry Cullen (GB) + Cristiano Rosa (BR-RS)
 Local: Sala de desenho
 Lotação: 20 pessoas inscritas previamente.
 Interessados: info@multiplicidade.com

 
DIA 7 - SÁBADO

[10:00 -22:00h] INSTALAÇÃO SONORA
 Com Pedro Rebelo, Matilde Meireles, Rui Chaves e Aonghus McEvoy – (GB/ POR)
 Obra: Chamada ao Trabalho / Belfast
 Local: Entrada do Casarão
 
[10:00 -22:00h] INSTALAÇÃO SONORA
 Artista: Bartolo – (BR-RJ)
 Obra: Árvores Sonoras
 Horário: 10h00 às 22h00
 Local: trilha da Capelinha
 
[14:00h] PAINEL FESTIVAIS INTERNACIONAIS DE VANGUARDA
 Local: Auditório
 Lotação: 90 pessoas inscritas.
 Interessados: info@multiplicidade.com

 Equipamentos de tradução simultânea disponíveis

 Palestrantes:

• Sonica Festival - Cathie Boyd (Glasgow/ Escócia)
• Sonorities Festival / SARC - Pedro Rebelo (Belfast/ Irlanda do Norte)
Mediação: Luis Marcelo Mendes (Fundação Roberto Marinho)
Colaboração e reflexão: Batman Zavareze (Festival Multiplicidade), Grupo dos Festivais Internacionais do Rio de Janeiro e Marcos Guzman (Green Sunset /SP)

[17:00h] PAINEL_COLABORAÇÃO ARTÍSTICA
 ROL - Rio Occupation London (Lançamento do livro)
 Local: Salão Nobre
 Lotação: 100 pessoas
 
[20:00 - 1:30h] MOSTRA DE VÍDEOS
 Obra: Vídeos do Rio Occupation London (Domenico Lancellotti/ Felipe Rocha/Christiane Jatahy/ Paulo Camacho)

[17:00 - 1:30h] INSTALAÇÃO
 Heleno Bernardi – (BR-RJ)
 Obra: "Enquanto Falo, As Horas Passam"

 [19:00 - 19:40h] PERFORMANCE SONORA
  Arto Lindsay (EUA) + Barry Cullen (GB) + Cristiano Rosa – (BR-RS)
  Local: RUA 2 (exterior)
  Lotação: 100 pessoas

 [20:00 - 22:00h] INSTALAÇÃO (vídeo-arte)
  Joan Fontcuberta (ESP)
  Obra: Through the Looking Glass: Cameras and Mirrors
  Local: Terraço
  Lotação: 50 pessoas /Maiores de 18 anos

 [21:00h] PERFORMANCE + INSTALAÇÃO
  Onion Skin, Olivier Ratsi - ANTIVJ (FR)
  Horário: Performance às 21h00
  Horário: Instalação das 21h30 às 23h00
  Local: Platô (exterior)
  Lotação: 300 pessoas

[21:30 - 01:30] DJ SET
 Diogo Reis (MOO) – 21h30 - 23h30
 Jonas Rocha – 23h30 – 01h30
 Local: Auditório/ piscina
 Lotação: 400 pessoas
 
DIA 8 - DOMINGO

[10:00 -22:00h] INSTALAÇÃO SONORA
 Com Pedro Rebelo, Matilde Meireles, Rui Chaves e Aonghus McEvoy (GB/ POR)
 Obra: Chamada ao Trabalho / Belfast
 Local: Entrada do Casarão
 Lotação: circulação normal do EAV Parque Lage

 [10:00 -22:00h] INSTALAÇÃO SONORA
  Artista: Bartolo – (BR-RJ)
  Obra: Árvores Sonoras
  Horário: 10h00 às 22h00
  Local: trilha da Capelinha (exterior)

 [12:00 - 19:00h] PERFORMANCE + PICNIC
  12h00 às 14h00 – Bmind – (BR-SP)
  14h00 às 15h00 - Opala – (BR-RJ)
  15h00 às 17h00 - Nuvem – (BR-RJ)
  17h00 às 19h00 - El Timbe – (ESP)
  Local: Bosque (exterior)
  Lotação: 100 pessoas

[15:00 - 18:00h] INSTALAÇÃO
 Franklin Cassaro – (BR-RJ)
 Obra: OCAOCA
 Local: Rua 2 (exterior)

[20:00 - 22:00h] INSTALAÇÃO (vídeo-arte)
 Joan Fontcuberta – (ESP)
 Obra: Through the Looking Glass: Cameras and Mirrors
 Local: Terraço
 Lotação: 50 pessoas /maiores de 18 anos

[20:00h] PERFORMANCE + INSTALAÇÃO
 Onion Skin, Olivier Ratsi - ANTIVJ (FR)
 Horário: Performance às 20h00
 Horário: Instalação das 20h30 às 22h30
 Local: Platô (exterior)

[20:30h] PERFORMANCE
 Taksi – (BR-RJ) + Gary Stewart – (GB)
 Local: Salão Nobre
 Horário: 20h30 às 21h30
 Lotação: 100 pessoas

 INSTALAÇÃO
 Heleno Bernardi – (RJ)
 Obra: Enquanto Falo, As Horas Passam

[19:30 - 21:30h] DJ SET
 Piscina/ auditório
 Lotação: 400 pessoas

19h30 - 21h30 DJ - TATE COLLECTIVE (GB)
21h30 - 22h30 / Wladimir Gasper – (RJ)

ENCERRAMENTO DA OCUPAÇÃO PARQUE LAGE

 
Serviço:
EAV PARQUE LAGE

Rua Jardim Botânico, 414.
eav@eav.rj.gov.br
eavparquelage.rj.gov.br
  
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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

#98

Vagner Donasc: às galerias, na revolta

Em sua primeira individual, intitulada LVDO, o artista carioca burla e se diverte ao reunir uma série de obras ácidas para falar das mentiras da vida real. Até o dia 10/12, na Homegrown.

Rebelde desde sempre e com certa vocação para fora da lei, o carioca Vagner Donasc encontrou na arte um caminho para extravasar suas revoltas e ir além. No entanto, não foi nada fácil para o jovem do subúrbio “da famosa ZN” - de Irajá, sendo mais específico -, conseguir se aceitar como artista, mesmo com o respaldo de uma formação em design. Aliás, bem ao contrário, foi diante de um cômodo e “assustador” escritório que Donasc decidiu se libertar e “não viver mais em vão”, ou seja, a seguir o almejado objetivo de viver da própria arte, mas - é claro - sem tirar o dedo da ferida. A transgressão que o acompanhou desde cedo, seja no skate, na música, na pichação ou no grafite, também se tornou evidente em suas obras e passou a fazer parte do seu conceito artístico, como grita sua primeira individual, em cartaz até o dia 10 de dezembro na loja-galeria Homegrown, em Ipanema. Isso porque, a mostra em questão, intitulada “LVDO”, só veio a tomar forma a partir de seu interesse em explorar a mentira presente na vida das pessoas. Não acredita? Então, é bem por ai mesmo... Vá e veja com seus próprios olhos.


“No início do ano, comecei uma nova pesquisa com a intenção de mudar radicalmente e encontrar um novo caminho. Logo no início das minhas investigações descobri que a mentira era algo muito interessante e, após desdobrar o tema e emergir nesse universo, cheguei à etimologia da palavra ilusão (Illudo) e ao substantivo ‘ludo’, que, do latim ‘ludus’, traz um duplo significado: brincar e se divertir, mas também enganar e burlar”, revelou Donasc ao explicar a “palavra perfeita” para o conceito que estava construindo. De acordo com o artista plástico, sua arte se situa entre a ilusão do mundo real e a mentira da vida cotidiana, enquanto seus trabalhos não se resumem a uma única linha e, por isso, usam diferentes linguagens, como pintura, desenho, fotografia, escultura e colagem, além da mistura experimental de todas essas técnicas e a bem-vinda destruição. “Quando eu rasgo uma revista, eu acabo com a sua função e isso fica claro. É incontestável, qualquer um entende e todos percebem meu ódio, minha raiva, minha energia, minha falta de delicadeza e respeito. Destruir um símbolo tem muita força e é diferente de representar uma destruição. Acredito que o artista tem uma missão de explorar o mundo seus símbolos e materiais”, completou.


Neste contexto, tudo começou com a série “E Agora José?”, onde ele pinta e destrói a sua própria criação. Ao retirar a pintura recém-feita com a espátula, o artista busca destacar que sempre existe algo por traz de uma ideia e que nada é o que aparenta ser. Desta série, Donasc apresenta duas telas, “A festa acabou” e “Dos outros/pros outros”. Em “Magazine”, uma série mais específica e que conta com seis obras na exposição, o artista plástico rasga revistas de diferentes segmentos para abordar as mentiras contadas na imprensa, se apropriando e alterando as imagens em novas composições, caso da irônica “Manchete/Olha o caô” (em que usa seis revistas Manchete). Ainda nesta linha, Donasc também usa recortes para satirizar a concepção “margarinística” de vida perfeita na série “Cosmoconha”, de Consumismo, elaborada através de fotos de maconha entre anúncios e ensaios fotográficos. Um conceito semelhante também pode ser visto em “Era uma vez uma propaganda”, feita com cartazes de shows, desenhos e pinturas, e na chamativa “Super-Dosagem”, realizada com dobraduras de caixas de remédios controlados, uma referência ao uso indiscriminado dessas substâncias como forma de fugir da realidade. “Essa foi inspirada na música ‘Wanna be sedated’, dos Ramones”, revelou.


A proximidade entre as obras de sua primeira individual é notável, mas, ao ser questionado sobre esse algo em comum, o artista prefere fugir de um suposto conceito para falar em um objetivo, solução e, inclusive, ataque. “Não é uma serie, talvez conceito, mas também não vejo dessa forma. Eu tenho um objetivo, como, por exemplo, na série que estou estudando (e que já fiz alguns ataques): “Heros / homens de bronze também mentem”, onde discuto a forma que a historia é contada através da construção de uma memória coletiva”, explicou Donasc. “Quando se faz uma escultura de Dom João VI sobre o cavalo de forma imponente, igual temos na Praça XV - prosseguiu -, é para que ele seja lembrado como um grande rei. Mas, você acredita nisso? Eu também não. Então eu fui até lá coloquei uma toca ninja vermelha sobre ele, destruindo um símbolo e colocando outro junto dele. Essa foi minha melhor solução para essa ideia, eu busco a melhor solução. Se for desenho, faço um desenho; ser for pintura, eu pinto, a solução vem do problema, e a linguagem também. Isso me dá uma liberdade e um gigante desafio”, completou.


Por reconhecer sua juventude e sua árdua caminhada rumo à evolução, Donasc, que disse ter se impressionado com o trabalho do artista dissidente chinês Ai Wei Wei, não se mostra preocupado com o tempo de espera até alcançar sua alforria artística, tendo em vista que viver da própria arte não um privilégio para poucos, como é para alguns, e sim um resultado de muita correria. “Estou muito satisfeito. É um momento muito bom para mim e também de muita evolução pessoal. Fui construindo as obras durante todo o ano e achei bom o momento e a oportunidade de apresentar um conceito e uma forma de trabalho nova que pretendo explorar durante mais algum tempo”, revelou o artista que há sete anos também “trabalha” no Circo Voador. “Apesar de ter começado ainda entre fevereiro e março, esse foi um ano de muita atividade. Trabalhei em horários alternativos, o que é bem difícil e cansativo. Mas, como nem tudo é perfeito, eu ainda não consigo me sustentar e investir apenas com a minha arte. Mas é assim. Sou muito novo e tem muita coisa pra acontecer... e evoluir”, concluiu o artista antes de deixar o seu recado final: “Devemos trabalhar pela base, mais pela base e mais e mais pela base. Se você não tiver uma utopia, eu vendo as minhas para você”.

LVDO – até 10/12 na Homegrown
R: Maria Quitéria, 68 - Sobreloja. Ipanema.
Visitação: Seg. a sex., das 10h às 20h.
Aos sábados, das 12h às 18h.

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