Levando uma inusitada
mistura de ritmos afro-brasileiros aos grandes sistemas de som, o musico e produtor radicado no Rio de Janeiro surpreende ao apresentar seu terceiro álbum. Tá nas caixas!!!
Se a música não possui fronteira,
e as misturas são fundamentais para a composição de um som cada vez mais global
(plural) e de difícil definição, as delimitações territoriais, políticas e rítmicas poderiam ser consideradas espécies de barreiras em relação ao intercâmbio de sonoridades dos “world´s
citizens” (cidadãos do mundo). Inserido neste contexto e na contra-mão do
pré-estabelecido, o produtor Maga Bo, um "Wozen" da música, trabalha em seu “Quilombo do
Futuro”, o terceiro e recém-lançado disco solo. Anteriormente, Maga Bo lançou
a mixtape “Confusion
of Tongues” e “Archipelagoes”, um álbum gravado em Senegal, Marrocos, Zanzibar
e África do Sul. Ao longo desta trajetória e, principalmente, em sua pesquisa mais recente,
o produtor norte-americano, que adotou o calor do Rio de Janeiro como sua
morada oficial, reforça o ideal de que as tradições e as raízes são capazes de se
redescobrir na resistência contemporânea – a base de informação e troca de
comunicação entre as pessoas, como defende o próprio artista.
“Encontrei no Rio de Janeiro uma
cidade grande com sol, calor, floresta, montanhas, praia, pessoas simpáticas,
uma cultura, música, povo, língua, comida, arte e etc. sincrética, que nem a minha
(somos americanos, do mundo novo - me identifico), uma cidade bonita, com prédios
interessantes e que revelam e carregam a história do lugar”, aponta o musico,
que, apesar de ter escolhido facilmente o Rio de Janeiro após ter rodado o
mundo, não conseguiu se fixar na cidade maravilhosa com facilidade. Segundo
Maga Bo, a facilitação desta "livre-troca" é
fundamental para a “saúde da música e, acima de tudo, para circular idéias,
abrir a cabeça das pessoas, sustentar tradições e preservar sabedorias”. Diante
deste cenário de contrastes - onde a experimentação é sufocada pelos sucessos
do momento, e as produções eletrônicas redescobrem os regionalismos -, o disco “Quilombo
do Futuro” busca respostas para perguntas que ainda estão por vir. Afinal, o que
vai acontecer com o coco e com o jongo, entre outros?
“Quilombo do Futuro”,
na verdade, resgata sons do verdadeiro quilombo do passado, como o coco, o
maculelê, o jongo, a capoeira e o samba, e estabelece conexões com ragga, dub,
hip hop, kuduro, grime e dubstep. Apesar de ser voltada para os sistemas de som
(sound system), a sonoridade do álbum não deixa de trabalhar as sutilezas dos
ritmos. E o que parece inusitado, Maga Bo fala com se fosse algo simples de entender.
“Não acho que tenha muitas sonoridades ‘regionais do mundo’ no disco... são
ritmos já globalizados (embora haja diferenças regionais dentro desses sons: o
dub de Londres é diferente do dub da Jamaica, por exemplo). Esses sons globalizados,
que vem da produção eletrônica, o dub e o hip hop são as bases e sempre fizeram
parte das minhas raízes. Os ritmos afro-brasileiros me interessam há muito
tempo. Sou capoeirista, toco repique em escola de samba, frequento rodas
de jongo, samba e etc. Sou muito inspirado nos sons regionais brasileiros, e
essa mistura é natural, mas sempre achei que a produção não valorizava certos
elementos. Assim, eu comecei a ‘re-criar’ esses sons especificamente para os
sistemas de som grandes e valorizando os graves”, detalha o produtor.
Trabalhado em mais de 40
países – de Nova Delhi a Sydney, de Berlim a Addis Ababa -, Maga Bo reuniu uma
boa bagagem musical antes de iniciar esse trabalho, tendo em vista seus trabalhos anteriores e o fato do produtor já ter trabalhado com Mulatu Astatke, Dr. Das (Asian Dub Fundation) e outros feras do mesmo quilate. Na
formação do Quilombo propriamente dita, aparecem B.Negão, Gaspar, Lucas Santtana e Marcelo Yuka, além de novos talentos, caso
de Funkero, Biguli e dos integrantes do BaianaSystem. O Mestre Camaleão, seu mestre de capoeira,
trouxe o berimbau, e Rosângela
Macedo as vozes que evocam o terreiro. De Guyana, via Nova
Iorque, aparece o Mc Jahdan
Blakkamoore, e do Panamá, via Chicago, o Mc Zulu, dois nomes consagrados no dancehall. Já a percussão, assinada
pelo amigo João Hermeto, foi gravada e produzida pelo próprio Maga Bo. Antes de elaborar o show
do disco, que deverá ser apresentado em novembro, o musico andarilho realizará
uma grande turnê internacional, priorizando seu DJ set (Europa, em Julho; Estados
unidos, Canadá e México, em agosto; Índia e África do Sul, em outubro). Além da mistura marcante do disco, Maga Bo ainda queria mais e, pouco
depois do lançamento do “Quilombo do Futuro”, ainda lançou um álbum somente com remixes,
ou seja, reinterpretações feitas por nomes como Buguinha Dub, Digital Dubs,
os argentinos El Remolon e Frikstailers, o americano Subatomic Sound System e o
canadense Poirier. Detalhe: está tudo disponível na internet. É para arrastar
as cadeiras da sala e fazer a festa, que o som embala
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